De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças oculares podem se desenvolver por diversos motivos, desde herança genética, até hábitos e estilos de vida. Em médio e longo prazo, podem causar diversas complicações, incluindo dificuldades para enxergar e, em casos mais graves, cegueira.
Inicialmente, é importante entender o que é a retina. Dr. Mauro Goldbaum explicou que a retina é uma membrana que recobre a face interna do olho, responsável pela formação de imagens. No fundo do olho, estão as células que captam a luz, transformando-a em uma mensagem que o cérebro poderá entender. Na retina, a parte mais central é chamada de mácula, um ponto mais escuro visível no fundo do olho.
Alguns dos exames para verificar a saúde da retina são o mapeamento de retina (ou retinografia), que mostra como está todo o fundo do olho; a angiografia, que serve para mostrar como estão os vasos sanguíneos que irrigam a retina; a tomografia de coerência óptica, ou OCT, que funciona como uma biópsia das camadas da retina, mas de forma não invasiva; e a OCT-angiografia, que permite observar os vasos sanguíneos e compor uma imagem em 3D do olho.
Uma das doenças mais conhecidas, que podem atingir a retina, é a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que ocorre em uma área específica da retina chamada mácula, levando à perda progressiva da visão central – preservando, a princípio, a visão periférica. A DM RI pode ser de dois tipos: atrófica (seca), quando não há a criação de novos vasos na retina; ou úmida, quando esses neovasos, como são chamados, são gerados. O tratamento da DMRI é feito por meio de injeções intraoculares de medicamentos e corticoides.
Apesar da DMRI afetar em maioria aos idosos, outras doenças podem levar à degeneração macular. “Existe uma condição especial em míopes de qualquer idade, que não está relacionada à idade, chamada degeneração miópica, que leva a um tipo de degeneração da mácula, semelhante à DMRI”, explicou o Dr. Goldbaum.
Segundo o Dr. Marcos Ávila, a degeneração miópica atinge pacientes mais jovens, causando pequenas fissuras no fundo de olho, que podem penetrar um pequeno vaso que cresce e forma uma membrana. Essa membrana fissurada é bem menos grave do que a presente na DMRI, mas gera uma cicatriz. As injeções de antiangiogênico, usadas na degeneração de mácula, têm efeito benéfico na membrana neovascular do míope. “Não é só a membrana neovascular do míope que tira a visão da chamada miopatia miótica: o olho vai crescendo, o tecido vai afinando e com isso vai formando áreas de cicatrizes que fazem o paciente perder a visão gradualmente”, enfatizou. Outras doenças de retina que podem ser citadas são a Doença de Stargardt e a retinose pigmentar.
Outro fato curioso é a ligação entre cor de pele e degenerações na mácula. De acordo com o Dr. Goldbaum, a mácula adoece mais na pessoa de pele mais clara porque ela oxida muito. “Se observarmos as pessoas que apresentam degeneração de mácula, elas têm manchas no dorso das mãos, ou na testa. São depósitos da mesma substância que temos nessa região da retina”, afirmou.
Quando não é possível reverter a perda visual, é indicado um oftalmologista especializado em visão subnormal para ensinar o paciente a utilizar sua visão residual da melhor forma possível, mas a rapidez com que ele encontra o tratamento é fundamental. Para o Dr. Marcos Ávila, o teleaconselhamento e o telemonitoramento podem ser excelentes opções nesse período. “Para as doenças da retina, que realmente têm tratamento, quanto mais precoce forem descobertas, melhor é, pois ganhamos tempo, o que é essencial para que se tenha a chance de preservar as células que nos fazem enxergar”, ressaltou.
Fonte: Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)