A retinose pigmentar constitui uma série de alterações genéticas que levam o portador da doença à perda de visão noturna, periférica e central. A doença tende a se manifestar no início da adolescência, final da infância, com a perda da visão noturna, pois a degeneração progressiva da retina se inicia pelos bastonetes, células responsáveis por nos ajudar a enxergar à noite. Durante a adolescência, mais bastonetes, nas regiões periféricas da retina, vão sofrendo degeneração e há a piora do campo visual até mesmo durante o dia, com perda da visão central ao paciente chegar à idade adulta, quando a degeneração atinge as células fotorreceptoras na região central da retina.
A retinose pigmentar pode ser diagnosticada através de exames de fundo de olho que observam a retina e ajudam, também, a detectar complicações adicionais decorrentes da doença, como edema macular, ou seja, inchaço na região da retina e, mais raramente, hemorragias também nessa área. É interessante realizar um teste genético, para a avaliação de qual tipo de alteração é responsável pela doença, que possui várias outras síndromes e doenças relacionadas. Diversas alterações genéticas já foram identificadas como causadoras.
É importante destacar que, apesar de atraentes, tratamentos milagrosos ou sem o devido embasamento científico, sem estudos e publicações para corroborá- -los, devem ser desconsiderados. Desde os anos 90, existem rumores de tratamentos efetivos para a retiIdioma do especialista Veja Bem | 20 | ano 07 | 2019 34 nose pigmentar em Cuba e muitos brasileiros foram seduzidos por essas promessas, com, inclusive, ajuda financeira advinda do governo federal, que se viu, devido a medidas judiciais, obrigado a custear passagens e tratamentos em Cuba. O tratamento, porém, nunca teve artigos publicados ou respaldo na literatura mundial. Tratamento semelhante foi feito no Brasil em apenas um local, durante uma década, sem que fosse produzido qualquer estudo científico ou comprovação da eficácia do mesmo, sendo encerrado quando o único local que o oferecia, fechou por falta de verbas.
A medicina avança a passos largos, mas, por ser de origem genética, a retinose pigmentar ainda não possui cura ou tratamento. Terapias genéticas estão sendo estudadas em animais, com resultados promissores, além de estudos com células-tronco. A tecnologia também está presente para auxiliar os pacientes com baixa visão a manterem sua autonomia e liberdade, mas lembre-se: somente médicos oftalmologistas podem sugerir a melhor terapia e tratamento e eles devem sempre se basear em pesquisas, com estudos clínicos, testes devidamente documentados e terapias aprovadas, mundialmente, antes de serem divulgadas como seguras e confiáveis.
Fonte: Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) (http://www.cbo.com.br/novo/publicacoes/revista_vejabem_20.pdf)