Quando os olhos apresentarem vermelhidão, dor intensa e sensação de cisco, não arrisque o diagnóstico, e tão pouco faça uso de qualquer medicamento por conta própria, porque esses são os sintomas de ceratite microbiana. Embora esse problema ocular tenha cura, o diagnóstico e tratamento quando realizados precocemente são fundamentais para o restabelecimento do olho afetado.
A ceratite microbiana é uma inflamação da córnea – a porção externa dos olhos, comparada ao vidro de um relógio –, de natureza infecciosa, considerada urgência oftalmológica, em função do risco de perda visual. A parte do olho afetada pela doença funciona como barreira protetora da superfície ocular. Segundo a Dra. Regina Noma, oftalmologista, as ceratites infecciosas são graves, podendo piorar rapidamente e, se não forem tratadas, tem risco de perfuração e de se estender para outras áreas do olho, levando à queda importante da capacidade visual e até à cegueira.
Os principais agentes causadores das ceratites infecciosas são bactérias, podendo ser causadas também por vírus, amebas e fungos. O contágio por esses microrganismos está relacionado a traumas, uso de lentes de contato ou doenças e cirurgias oftalmológicas. No caso de trauma ocular com plantas – comum em jardineiros/lavradores ou pessoas em momentos de lazer em parques – o risco de ceratite causada por fungos aumenta. Usuários de lentes de contato que não higienizam as lentes e o estojo de maneira adequada (utilizam soro fisiológico, não usam produtos específicos para higiene das lentes e lavam as lentes em água de torneira) ou dormem com as lentes têm risco maior de infecção por bactérias e amebas. Cirurgias oculares e traumas podem levar à infecção ocular, especialmente se não houver uso adequado de colírios.
Mesmo estando bem informado sobre os sinais e sintomas da ceratite microbiana, é importante a consulta com o especialista porque existem outras formas da doença que não são infecciosas; para cada caso há um tratamento específico. Outros tipos de ceratite são: por traumas, alergias, neurológica ou de causa desconhecida – ceratite de Thygeson.
Segundo a Dra. Regina, a ceratite traumática pode ser decorrente de agressões externas, por exemplo, o contato acidental com substâncias tóxicas (ex.: produtos de limpeza) ou quadros de alergia. Quando os olhos ficam expostos de forma desprotegida e prolongada à luz ultravioleta – comum em praia, neve, bronzeamento artificial –, também pode haver agressão à córnea. “Expor a córnea a paralisias faciais ou doenças palpebrais que levem à exposição ocular, seja por dificuldade de piscar ou de fechar os olhos ao dormir, também podem machucá-la. O olho seco, síndrome de Sjögren e doenças reumáticas também podem levar a alterações na superfície ocular”, alerta a médica.
Fonte: Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) (http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/revista_veja_bem_07.pdf)