Exame de fundo de olho pode diagnosticar doenças sistêmicas como a hipertensão

Exame de fundo de olho pode diagnosticar doenças sistêmicas como a hipertensão

Dizem que os olhos são espelhos da alma. Porém, o que muitos não sabem é que mais do que revelar o que sentimos, os olhos podem ajudar no diagnóstico de doenças, não só oculares como também sistêmicas. Nesse contexto, os olhos, na verdade, são como uma janela através da qual se enxerga a saúde do organismo de uma maneira geral.

Isso ocorre porque o fundo do olho é o único local do corpo humano onde se pode examinar diretamente, sem método invasivo, os nervos, vasos e artérias. Assim, é possível diagnosticar e avaliar a evolução de doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças reumáticas, doenças neurológicas, doenças hematológicas, ou qualquer outra que resulte em alteração vascular, sanguínea ou nos nervos.

O que devo saber sobre o exame?

Chamado também de fundoscopia, o exame de fundo de olho é realizado com a ajuda de um oftalmoscópio. Por meio deste, é projetada uma luz dentro do olho do paciente e, mediante a reflexão dessa luz, é possível observar as estruturas presentes no fundo do olho. Em geral, para facilitar e ampliar a visão da retina, o médico utiliza colírio para dilatar a pupila (menina dos olhos).

Existem dois tipos de fundoscopia, a forma direta e a indireta. Na direta, realizada geralmente por um clínico geral, utiliza-se um oftalmoscópio direto – aparelho simples e portátil – que permite obter uma imagem ampliada da retina, mas com um campo de visão mais restrito, uma vez que possibilita ver apenas as regiões centrais do fundo de olho. Já a forma indireta, realizada especialmente por um oftalmologista com equipamentos mais complexos e maiores, embora gere uma ampliação menor da retina, permite a sua visualização completa.

Vale lembrar que o exame é importante para indivíduos em todas as faixas etárias:

  • Recém-nascidos e bebês: o exame deve ser feito logo após o parto, pois quanto mais cedo uma anomalia for diagnosticada, mais eficaz será o tratamento e a possibilidade de reversão da doença. Sendo imprescindível a realização em prematuros ou crianças cujas mães durante a gestação tiveram algum tipo de infecção;
  • Adultos: nessa fase o exame deve ser realizado regularmente para diagnosticar precocemente doenças locais ou doenças que predisponham a males na região dos olhos como hipertensão arterial e diabetes;
  •  Idosos: no envelhecimento, o exame pode detectar o surgimento de drusas (depósitos de cristais brancos ou levemente amarelados) na retina, que podem levar à cegueira e degenerações maculares próprias da idade; além de ajudar no controle de doenças sistêmicas já existentes.

Como ocorre o diagnóstico da hipertensão por meio dos olhos?

Conhecida como “pressão alta”, a hipertensão é uma doença em que a pressão arterial é, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. Muito comum na população, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a doença acomete uma em cada quatro pessoas adultas. Estima-se que atinja em torno de, no mínimo, 25% da população brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil.

Como a hipertensão arterial é silenciosa e assintomática, poucas queixas são relatadas pelos pacientes. Quando a pessoa está com a pressão alta, os vasos ficam contraídos, muitas vezes com estreitamentos e formas tortuosas, além de pequenos edemas ou hemorragias, podendo gerar, ainda, a oclusão (entupimento) dos vasos que irrigam a retina e, dependendo do vaso afetado, causar até a perda parcial da visão. Além disso, em aumentos muito extremos da pressão podem ocorrer também inchaço do nervo óptico e até deslocamento da retina.

Fonte: Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) (https://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/revista_veja_bem_07.pdf)

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